Neste momento de campanha nada melhor que aproveitar a colaboração dos amigos para socializar informações que possam refletir a atuação crítica e cidadã de cada eleitor.
"Ir ao supermercado é fazer política. É fazer escolhas. É dizer que tipo de
produção de alimentos queremos e que tipo de empregos queremos financiar. O ato
de escolher e comprar o que se vai consumir pode ser silencioso, mas é muito
poderoso."
O supermercado é político (Samantha Buglione - Jurista e professora/ buglione@antigona.org.br )
Falar que o "supermercado é político" é dizer que o mais privado dos atos, o de buscar alimento e garantir necessidades primárias, não se encerra na hora de pagar a conta. A escolha do produto até pode se dar por razões econômicas, busca de qualidade ou, ainda, ideologia. Contudo, ao escolher um produto também se escolhe, querendo ou não, uma forma de produção, um tipo de relação de trabalho, um determinado impacto ambiental. Em suma, comprar algo é trazer para casa, além do produto, a sua cadeia de fabricação e as conseqüências. Ignorar esses fatores é se proteger de dois elementos do conhecimento: liberdade e responsabilidade.
Dados de recentes pesquisas demonstraram que produtos orgânicos possuem mais
nutrientes que os alimentos da produção linear. Ou seja, não é apenas uma
questão de quantidade, mas de qualidade. Pode até ser que a agricultura
orgânica não produza tanto quanto a linear, mas alimenta mais. O artigo
"Comparação da qualidade nutricional de frutas, hortaliças e grãos
orgânicos e convencionais" , publicado no "Jornal de Medicina
Alternativa" , relata que produtos orgânicos, em média, contêm 29,3% mais
magnésio, 27% mais vitamina C, 21% mais ferro, 26% mais cálcio, 11% mais cobre,
42% mais manganês, 9% mais potássio e 15% menos nitratos. Indo mais além,
conforme relatório do "Environmental Group", atualmente, ao completar
um ano de vida uma criança já recebeu, por conta do consumo de alimentos
convencionais, a dosagem máxima aceitável pela Organização Mundial de Saúde de
oito pesticidas altamente carcinogênicos (cancerígenos) para uma vida inteira.
Além das questões nutricionais, alimentos orgânicos e de agricultura familiar
contribuem para a empregabilidade no campo. O que evita o êxodo rural, e, por
conseqüência, o aumento de favelas em centros urbanos.
Um outro dado importante é que quem produz alimento para o brasileiro não é a
produção convencional ou linear ou o agronegócio, mas a agricultura familiar e
orgânica. Mais da metade do feijão vem da produção familiar; no caso do arroz,
mais de um terço; e, da mandioca, 90%. Essas são algumas informações que
demonstram a importância do setor na economia brasileira, um setor responsável
por uma média de 10% do produto interno bruto (PIB) nacional, conforme dados da
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.
E, mais, o que realmente alimenta é a produção de grãos, vegetais e hortaliças.
A carne de suínos, aves e bovinos não é o alimento mais completo em nutrientes
ou que vai estar na mesa de todos os brasileiros. O Brasil é campeão de
exportações.
(...)
Desde 2005, no Brasil, há mais bois e vacas que homens e mulheres, 200
milhões de bovinos ocupam um espaço três vezes maior do que toda a área
cultivada no País e consomem quatro vezes mais água.
Se for uma questão de aumento da riqueza nacional e de estratégia para matar a
fome dos brasileiros, a nossa matemática não está bem certa. Afinal, o
agronegócio nem emprega tanta gente assim e os custos ambientais com a poluição
de rios, solo, mananciais e emissão de metano são revertidos ou para o preço
final do produto ou para o Estado, que terá mais gastos com saúde e políticas
para despoluição. Aí, quem paga a conta somos todos nós, querendo ou não,
sabendo ou não.
Foi-se o tempo em que comprar mandioquinha, feijão ou ovos era só comprar
mandioquinha, feijão ou ovos. Quando se leva ovo para casa, o da produção
convencional, se está chancelando, incentivando e financiando um processo que
trata animais como coisa; que ignora que sentem dor e que possuem uma forma
própria de viver a vida. Além de fazê-los viver de forma confinada e sendo
alimentados com uma ração que contêm tantos aditivos que os transformam mais em
uma pasta química do que em um ser vivo.
Nem o peitinho de frango se salva.
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